II Seminário Interno Linguagem e Cognição (II SILC): 9 de dezembro de 2016

A segunda edição de nosso evento deve contar com cerca de 30 ouvintes, 4 apresentações de alunos e duas conferências de 40-50 minutos de dois professores convidados da Pós-Graduação em Filosofia da UFS, em Aracaju. 



A escolha destes professores é estratégica, uma vez que são pesquisadores renomados e experientes no Nordeste Brasileiro. A visita deles deverá estimular projetos de cooperação entre as Universidades Federais de Alagoas e do Sergipe, motivados tanto pela afinidade temática de suas pesquisas com nosso grupo de filosofia analítica quanto pela proximidade geográfica. Este evento, deve então, promover a aproximação dos grupos de pesquisa em Filosofia Analítica da UFS e da UFAL.

Um dos objetivos desta 2ª edição será discutir os trabalhos dos estudantes da Especialização em Filosofia Contemporânea da UFAL com o intuito de colaborar com o desenvolvimento de suas Monografias. Nesse sentido, o Evento também é concebido para funcionar como uma oficina de ideias e argumentos.

Visa-se, portanto, aprimorar e desenvolver cada vez mais a cultura de pesquisa entre os discentes e promover um rico intercâmbio entre as pesquisas já consolidadas dos docentes da UFAL e outras Universidades. Neste dia, alguns estudantes apresentarão o material relacionado ao seu TCC e à sua Monografia e terão a oportunidade de retorno crítico e qualificado já neste estágio de suas pesquisas.

Programação do II Seminário Interno sobre Linguagem e Cognição (SILC)

Miniauditório do Curso de Filosofia da UFAL

09 Dez 2016

13h45 - 18h30

13h45/Abertura

14h00/conferência: Aldo Dinucci (UFS): Reflexões sobre os fundamentos da lógica estoica

15h00/comunicação: Lucas Rocha (UFAL): Investigações em pragmatismo semântico: uma tentativa de caracterizar o holismo semântico em Articulando Razões 

15h30/comunicação: Nailton Fernandes (UFAL): Não-referencialismo, mas prática social. Alguns apontamentos pragmatistas sobre Wittgenstein e Heidegger

16h00 Pausa

16h30/comunicação: Marina Marasco (UFAL): O Behaviorismo é Pragmatismo? Uma reflexão sobre a epistemologia de B. F. Skinner

17h00/comunicação: Rodrigo Calheiros (UFAL): A identidade pessoal como uma ficção natural na obra de David Hume 
17h30/conferência: William Piauí (UFS): Marinus e Leibniz: realismo aristotélico versus realismo platônico

18h30/Fechamento

Resumos:

Aldo Dinucci (UFS)

Reflexões sobre os fundamentos da lógica estoica

Discorremos sobre alguns pontos concernentes aos fundamentos da lógica estoica. Primeiramente, refletiremos sobre a escolha pela condicional crisipeana (conexionismo que elimina o ex falso quod libet sequitur) e pela disjunção exaustivamente exclusiva (que elimina o falso dilema). Sobre a validade dos argumentos, trataremos do princípio estoico de condicionalização, que lembra aquele da lógica moderna. Trataremos também do indemonstrados e dos themata, apresentando-os na sintaxe original, junto com os teoremas dialético e sintético. Refletiremos ainda sobre a ausência de argumentos de uma só premissa e a não-monotonicidade. Argumentaremos ainda que tal lógica surgiu para o normatizar as regras já presentes e reconhecidas na prática discursiva dos âmbitos filosófico e politico. 

William Piauí (UFS)

Marinus e Leibniz: realismo aristotélico versus realismo platônico

Existe uma série de textos de Leibniz, que só muito recentemente estão vindo a público, que tem alterado muito a compreensão de sua filosofia, ela tem como tema geral a matemática e mais específico a elaboração de um método que o alemão denominou Analysis situs. O que nos interessa discutir é parte da história associada a tal método e como ela chega aos nossos dias, ou seja, sair de Os dados de Euclides e chegar até a Topologia de Poincaré, passando pelo Comentário ao livro Dados de Marino e a Analysis situs de Leibniz, com essa discussão esperamos lançar luz sobre o tipo de realismo que Leibniz defendia em geometria e como ela possibilitaria uma melhor compreensão de sua noção de espaço relacional.

Lucas Costa Neves Rocha

Investigações em pragmatismo semântico: uma tentativa de caracterizar o holismo semântico em "Articulando Razões" 

Esta comunicação objetiva investigar a perspectiva holística subjacente ao Inferencialismo Semântico desenvolvido por Brandom, sua caracterização e as consequências da adoção desta perspectiva a partir da obra Articulando Razões (2000). Tal empreendimento constitui parte importante da pesquisa, ainda em curso, deste proponente, denominada Investigações em Pragmatismo Semântico: analogias e dessemelhanças entre Quine e Brandom, que tem como objetivo geral estabelecer um diálogo entre Quine e Brandom a partir de suas respectivas teses sobre Holismo Semântico. O Inferencialismo Semântico proposto por Brandom exige necessariamente a adoção de uma perspectiva holística, haja vista que um conceito está articulado com outros conceitos a partir de práticas linguísticas balizadas por uma pragmática normativa que regimenta processos inferenciais. Para Brandom, dominar um conceito é dominar seu uso no jogo inferencial (oferecer e solicitar razões) com outros conceitos, nestes termos, o domínio de um conceito exigirá ao menos o domínio de alguns outros. O Inferencialismo Semântico proposto por Brandom, bem como a perspectiva holística subjacente, traz consigo algumas consequências, dentre elas, destacam-se: a) recusa ao atomismo semântico; b) recusa às explicações semânticas ascendentes; c) denotação da dimensão deontológica de nossas práticas linguísticas. 

Nailton Fernandes da Silva

Não-referencialismo, mas prática social. Alguns apontamentos pragmatista sobre Wittgenstein e Heidegger

Objetivando, a início, mostrar as insuficiências da concepção referencialista de fundar o significado, desenvolveremos uma crítica pragmatista à luz de Wittgenstein e Heidegger, afim de tornar claro o caráter sofisticado que nossa linguagem assume ao admitir a designação como paradigma. Em contrapartida a essa concepção que, como diz Wittgenstein nas I.F., admite “uma associação entre a palavra e a coisa”, mudaremos o paradigma para o caráter social, público, ou fático de nossa linguagem, que encontra fundamento na dinâmica social e em sua contingência. Assim, nossos apontamentos pragmatista cuidará de tornar explicito o que se perde quando se pensa a linguagem de maneira representacional e de modo secundário, uma vez que, conceitos como, Intramundanidade, Spielsprach, Zuhandenheit, nos colocarão na posição adequada para compreender nossa linguagem de maneira mais fundamental.

Marina Marasco

O Behaviorismo é Pragmatismo? Uma reflexão sobre a epistemologia de B. F. Skinner

B.F. Skinner iniciou sua pesquisa dentro de um movimento chamado Behaviorismo Metodológico que se estabeleceu como método de estudo com o propósito de tornar a Psicologia uma ciência do comportamento análoga às ciências naturais como a Física e a Química, seus pressupostos se alinhavam ao Realismo Científico. Daí surgem muitos dos questionamentos sobre seu Behaviorismo Radical. Estaria ele, ao contrário da abordagem de onde partiu, inserido no Pragmatismo? Seria mesmo uma Filosofia da Ciência do Comportamento, como afirma seu próprio desenvolvedor, ou apenas um método? Essas são as questões que interessam ao presente trabalho. O objetivo é apresentar as noções que identificam os pressupostos filosóficos do Behaviorismo Radical de Skinner e de que maneira ele se apresenta como uma teoria filosófica. Tal reflexão poderá nos fornecer elementos que inserem essa abordagem na discussão epistemológica contemporânea.

Rodrigo Calheiros Dantas (UFAL)

A identidade pessoal como uma ficção natural na obra de David Hume

Este trabalho tem o objetivo de analisar o problema da identidade pessoal no Tratado da Natureza Humana retomando seus pontos centrais. É esclarecido como o problema da causalidade tem implicações diretas ao se pensar a identidade. A identidade é tomada como uma junção de várias percepções relacionadas pela imaginação e seus “facilitadores”: semelhança, contiguidade e causalidade. Hume defende que a identidade pessoal não passa de um feixe de percepções distintas e conectadas por predisposições naturais. É defendido que não existe nenhuma percepção simples e contínua que se identifique com o nosso “eu” (self), a crença que temos sobre um “eu” (self) é na verdade uma espécie de “pacote” formado por várias percepções diversas. Isso implica em percebermos a identidade pessoal como uma crença fictícia, embora ela seja natural e defendida no âmbito prático da vida. Diferentemente de John Locke que atribuiu a fonte única da identidade pessoal à memória, para Hume ela se mostra insuficiente nesse aspecto, porque sem a causalidade não poderia se afirmar algo sobre o “eu” (self) para além da própria memória. Finalmente, chega-se na conclusão problemática e cética do apêndice do Tratado, a de um “eu” (self) como feixe de percepções distintas e possíveis de serem separadas. Contudo, percebe-se que mesmo que uma análise minuciosa da identidade pessoal nos leve a uma conclusão problemática, o ceticismo de Hume encontra limites no naturalismo, pois embora a identidade pessoal seja uma crença fictícia, ela é afirmada naturalmente no âmbito da vida prática, âmbito esse que é comandada pelas crenças e demais paixões. 

Fonte: SILC UFAL

Nenhum comentário:

Postar um comentário